Entrevista com Vanderlei Ataídes, presidente da Aprosoja
“Estamos testemunhando um avanço sem precedentes no agronegócio paraense, com a agricultura tomando seu espaço e se consolidando como uma força econômica na região”,_ afirma Vanderlei Ataídes, presidente da Aprosoja, ao comentar a expansão agrícola nos municípios de Paragominas e Tailândia. Segundo ele, o crescimento acelerado da área plantada em Tailândia, que já ultrapassa 105 mil hectares, reflete uma transição econômica de um território historicamente dedicado à pecuária e ao setor madeireiro para uma nova fronteira de produção de grãos.
Tailândia tem atraído investimentos e empresas de Paragominas graças à sua localização, a apenas 180 km do porto, enquanto Paragominas está a 280 km. Esta proximidade reduz custos de frete, permitindo uma maior competitividade no mercado de grãos, tanto nacional quanto internacional. Empresas como Belago e Portal instalaram grandes unidades de armazenamento e comercialização de grãos na cidade, várias empresas de Paragominas abriram filiais de revendas de máquinas agrícolas, destacando o avanço da infraestrutura. A Floraplac, tradicionalmente envolvida com madeira, também vem investindo em armazéns de grãos, sinalizando uma mudança para o agronegócio.
Desafios e a Moratória da Soja
Embora o crescimento seja promissor, a expansão enfrenta desafios como a moratória da soja, que proíbe a compra de grãos de áreas desmatadas legalmente após 2008. A região de Paragominas, que inclui Rondon, Abel Figueiredo, Dom Eliseu, Ulianópolis, além de Tailândia e Goianésia, possui cerca de 630 mil hectares de área cultivada, só Paragominas possui cerca de 270 mil hectares, mas as restrições ambientais afetam diretamente a competitividade local. “A moratória, embora colocada como uma medida de preservação, limita a exploração de terras em conformidade com a lei, já que o Estado permite a utilização de até 20% da área total”, explica Ataídes, que lidera um movimento para revisão da norma.
Com o apoio de produtores locais, há uma mobilização para revisar a moratória, argumentando que a regulamentação atual impõe uma barreira comercial, especialmente em relação ao mercado europeu, que evita a compra de soja de áreas recentemente desmatadas, mesmo que estejam em conformidade com a legislação brasileira.